A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) foi palco, na tarde desta sexta-feira (23), da primeira audiência pública do Brasil em apoio à anistia dos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Intitulado “Paraná pela Anistia”, o evento foi realizado no Auditório Legislativo da Casa e reuniu parlamentares, representantes de movimentos patrióticos e cidadãos que defendem o direito à anistia daqueles que consideram injustiçados.

Entre os participantes, destacou-se a presença do deputado estadual Gilson de Souza (PL), líder da bancada do Partido Liberal na Alep, que manifestou firme apoio ao movimento. Em sua fala, Gilson ressaltou que o momento é de indignação, mas também de ação. “Estamos vivendo um tempo de indignação, um tempo de revolta daqueles que optaram pelo bem, pela justiça. Mas a indignação não pode ser contra nós — ela deve ser a nossa aliada, uma mola propulsora para nos levar a uma ação de transformação da nossa sociedade”, destacou.

Durante o pronunciamento, o parlamentar apontou o tratamento desigual dado pela Justiça em diferentes contextos políticos e criticou o que chamou de “democracia relativa”. “Vivemos num tempo em que a Justiça tem lado. O certo está errado e o errado é certo para muitas pessoas. Esta Assembleia Legislativa já foi invadida, com quebras, desrespeito e agressões, e nada foi feito. Por isso é importante que vozes como as de vocês se levantem, para que a mentira não prevaleça”, frisou.

Gilson também fez comparações com episódios recentes da história do país e lamentou a prisão de pessoas que, segundo ele, apenas participaram de manifestações pacíficas. “Muitas dessas pessoas estão presas. Qual o crime dessas pessoas? Mães de família, pais de família, trabalhadores com seus filhos pequenos. Este é o Brasil em que estamos vivendo e com o qual não estamos satisfeitos. Estamos aqui porque queremos mudanças”, afirmou.

Em tom de indignação, o deputado relatou a entrada de manifestantes nas sedes dos Três Poderes como consequência de um ambiente de desinformação e armadilhas. “Um suposto golpe, um pseudo golpe sem liderança, sem armas. Fiquei olhando pessoas entrando naquele lugar. Me lembrei daqueles judeus que entravam numa câmara de gás achando que estavam entrando num chuveiro. Um absurdo. Pessoas enganadas que caíram numa armadilha terrível”, lamentou.

Ao final de sua fala, Gilson destacou a importância de resgatar os princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e da dignidade da pessoa humana, especialmente nos casos em que houve abusos, prisões prolongadas e punições desproporcionais. “Estamos aqui para dar voz a homens e mulheres que foram silenciados, que estão sendo punidos de forma seletiva e política. É preciso separar vândalos de cidadãos que apenas expressavam sua indignação. Não se constrói democracia com revanchismo nem com injustiças”, concluiu o parlamentar.

A audiência foi transmitida ao vivo pela TV Assembleia e contou com ampla participação popular, tanto presencial quanto online. Para os organizadores, o evento marca um momento histórico na mobilização pela revisão de medidas judiciais e legislativas adotadas contra os manifestantes do 8 de janeiro.

O debate ganha força no Congresso Nacional com a apresentação, pelo Partido Liberal, de um novo substitutivo ao projeto de lei da anistia. A proposta prevê a anistia aos manifestantes, sem anular a responsabilização civil por eventuais danos causados, e reforça que a concessão de anistia é uma prerrogativa do Poder Legislativo, conforme previsto na Constituição Federal.

Participações – Também participaram do evento e se manifestaram o deputado Ricardo Arruda (proponente), o deputado Tito Barichello (União), o vice-prefeito de Curitiba, Paulo Martins (PL), o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) – de forma online, o advogado criminalista Jeffrey Chiquini, e os vereadores de Curitiba: Guilherme Klamt Kulkamp (Novo), Delegada Tathiana Guzella (União), Olímpio Araújo Junior (PL), Bruno Secco (PMB), além do especialista em Direito Penal e Processo Penal, advogado Marcelo Barazal. Ao final, os presentes puderam participar com depoimentos e relatos pessoais.

Com informações do Site da Alep